A 25ª Conferência das Partes (COP) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas/ UNFCCC , que será realizada em Santiago do Chile, entre os dias 02 e 13 de dezembro de 2019, no Parque Bicentenário Cerrillos, iniciou a divulgação de debates e atividades que ocorrerão nos espaços destinados à sociedade civil.
Como em outros anos, o ETC Group, uma organização internacional dedicada à “conservação e desenvolvimento sustentável da diversidade cultural e ecológica e dos direitos humanos”, irá abordar a questão da geoengenharia. Desta vez, destacando a proibição da geoengenharia marinha, que diz respeito a fertilização de oceanos, já que o Chile assinou um protocolo proibindo a geoengenharia em área marinha.
Além da questão da geoengenharia, outro destaque é a avaliação do relatório do IPCC sobre clima e terra, que traz dados que as organizações apontam há tempos, como o papel da agricultura industrial na questão das mudanças climáticas. Anteriormente, a participação era vista como apenas 9%. Agora, a afirmação é de cerca de 23% vindos dos usos do solo e de que a cadeia agroindustrial como um todo responderia por até 37% do total de emissões. Ainda assim, o percentual é menor se comparado às pesquisas de organizações como a Grain, que apontam que o sistema alimentar industrial responderia por entre 44% e 57%.
Além disso, as soluções que o relatório do IPCC traz são problemáticas, principalmente, acerca de zoneamento ecológico e distribuição de terra a partir das titulações individuais, por exemplo, já que podem ser usadas para fortalecer o discurso da agricultura do solo como sumidouro de carbono e facilitar a questão do REDD e das soluções de mercado no artigo 6º. O IPCC apresenta esses dados de que a agricultura industrial tem participação grande nas emissões justamente para lançar as “soluções” de organização do território de cima para baixo, principalmente pelos acordos de livre mercado União Europeia-Mercosul.
Um seminário de dois dias focado em gênero, mudança climática e os propulsores do desmatamento, destacando os impactos da produção pecuária insustentável, da bioenergia da madeira e da expansão de monoculturas de árvores, também está previsto na agenda de eventos e mobilizações da sociedade civil.
Cumbre de los Pueblos
Neste ano, a Cumbre de los Pueblos deverá ser entre os dias 4 e 7 de dezembro. Anamuri, Via Campesina, CUT e movimentos de mulheres estão na organização do evento paralelo, que tem prevista uma grande marcha de encerramento.