Por Iara Pietricovsky, do INESC/Carta de Belém
O discurso dominante até agora no evento é que a COP 21, em Paris, é o começo de tudo, o que me parece no mínimo hipócrita e irresponsável por parte dos governantes. Quem está vivendo o impacto do clima não pode esperar. Os líderes estão no tempo errado. É importante registrar que a ideia de um acordo vinculante não é consenso e tem forte oposição de alguns países capitaneados pelos Estados Unidos.
Vários temas estão em debate neste momento, como a mitigação de danos, adaptação e a questão do financiamento, ainda longe de ser equacionado, tanto no aspecto do montante quanto na divisão entre quanto irá para ações de mitigação e quanto para adaptação. Perdas e danos é um tema caro para os países em desenvolvimento, em especial os que já estão sofrendo diretamente com a mudança climática e os próprios INDCS que, no seu conjunto, com todas as propostas colocadas na mesa, não conseguem chegar perto daquilo que se definiu como o aumento máximo possível até 2050, ou seja, menos de 2 graus centígrados.
O cálculo que se faz é de que a temperatura, segundo as propostas existentes, chegará a mais de 3º centígrados, o que demonstra que nosso futuro não será dos melhores se mantivermos as posições que hegemonizam e tendem a definir o acordo de clima aqui em Paris.
No âmbito da sociedade civil, a Coalizão francesa realizou uma reunião dos membros da comissão facilitadora internacional tentando começar a pensar sobre o movimento no pós 2015. Questões: como manter o movimento? Como ampliar e reduzir sua característica mais européia? Que temas ou causa seriam importantes? Como realizar ações visíveis e com narrativas claras sobre nossa visão crítica ao modelo vigente, neo-liberal/capitalista?.
As ideias e propostas são muitas. Há um claro reconhecimento da necessidade de uma estratégia em comum, ainda que os grupos sejam distintos. Mantê-los articulados e fortes é o principal desafio.
Neste momento, o debate é intenso e o consenso começa a ser construído.