Camila Moreno expõe que a chave para uma transição justa está na garantia dos povos nos territórios

Durante encontro preparatório da Cúpula Social do G20, no eixo Sustentabilidade, Mudanças Climáticas e Transição Justa, a pesquisadora e membra do Grupo Carta de Belém, Camila Moreno, defendeu que só há justiça climática com justiça para os povos

Na terça-feira (20/08), a pesquisadora e membra do Grupo Carta de Belém, Camila Moreno, esteve no encontro preparatório da Cúpula Social do G20. Crítica à economia verde e à financeirização da natureza, Camila abordou a necessidade de soluções reais frente a emergência climática.

“O principal conflito de fundo do Brasil é a injustiça territorial”, destacou. Em nome do Grupo Carta de Belém e dos movimentos sociais e organizações de base que o constroem, Camila expôs que o mecanismo chave para uma transição justa (para garantir resiliência, adaptação e mitigação das mudanças climáticas) está na garantia dos povos nos territórios. É a soberania destes e da terra. Está na defesa da reforma agrária, reforma urbana, na titulação de territórios de povos indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais, na produção agroecológica, na soberania sobre as sementes e no estoque público de alimentos.  

“Não há uma molécula de carbono transformada em crédito no mercado financeiro, intangível, que não esteja relacionada a algum território, biodiversidade, modo de vida. É muito fácil falar números, apresentar grandes gráficos, grandes projeções de moléculas, de gases, e não olhar para o acirramento dos conflitos territoriais que a gente segue vivendo”, salientou. 

Camila apontou ainda que é preciso atenção na aposta da inteligência artificial como a salvadora da ação climática, tema pautado com força na COP28. Assim como com propostas que vêm do FMI, Banco Mundial, BID e outros atores, que consistem na troca de dívida por natureza. Não resolvem a questão do clima, geram mais violência. 

Com a pergunta: “É possível uma transição justa baseada na discriminação voraz?”, o GCB suleou o debate dentro do G20. É urgente que o enfrentamento à #emergênciaclimática se situe historicamente, considerando como os mecanismos de acumulação se renovam, se apropriando e esvaziando, inclusive, demandas e lutas das bases. E enquanto o fazem, dando ênfase a soluções que não mudam as formas de produção e reprodução da vida ante o capitalismo, avançam com as formas de avanço de expropriação dos bens comuns e de privatização. A velha lavagem verde, cada vez com mais camadas que se entrelaçam com mecanismos de vigilância e com a lógica neoliberal que individualiza as pautas. 

O debate colocado no G20 é fundamental. Assim como construções de luta para pressionar decisões institucionais a partir das demandas dos povos e territórios em luta – aqueles que mais sofrem os impactos das mudanças do clima e menos são responsáveis por emissões. Que constroem, também, em coletividade, a possibilidade de mundos em que o valor está na vida e sociobiodiversidade, não na mercadoria. 

Confira no vídeo a exposição de Camila na íntegra e os principais pontos defendidos pelo Grupo Carta de Belém para uma transição justa

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