Acre terá private equity para reflorestamento

Autor(es): Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo

Valor Econômico

22/04/2013
O governo do Acre pretende inovar na forma de captação de recursos para financiar projetos de reflorestamento. O Estado quer atrair investidores para um fundo de “private equity”, que compra participações em empresas, no valor de US$ 60 milhões. Os recursos captados serão investidos no plantio de florestas em áreas detidas por pequenos e médios produtores locais. Eles devem se tornar sócios dos cotistas do fundo na empresa que será constituída para realizar os investimentos.
Será a primeira vez que um governo estadual participa da criação de um fundo de participações. A ideia é replicar o modelo de fundos como o Vale Florestar, que possui R$ 605 milhões em patrimônio e tem como principais cotistas a mineradora Vale, o BNDES e os fundos de pensão Petros, dos funcionários da Petrobras, e Funcef, da Caixa Econômica Federal.
O próprio governo do Acre deve ser um dos principais investidores, com um aporte da ordem de US$ 10 milhões, segundo Fábio Vaz, secretário-adjunto de florestas e indústria do Estado. Os recursos do fundo devem financiar o plantio de uma área de 10 a 12 mil hectares de floresta, afirma. Uma das árvores escolhidas para o reflorestamento será o paricá, madeira nativa usada como matéria prima para indústrias de laminados.
O formato do fundo e o plano de negócios da empresa que investirá em florestas do Estado devem ser finalizados neste ano. Pelos cálculos do secretário, o investimento possui uma taxa de retorno potencial da ordem de 21%. O governo já entrou em contatos preliminares com investidores, inclusive estrangeiros, que demonstraram interesse no projeto, afirma Vaz.
Os recursos do private equity se somam a uma linha de crédito de US$ 144 milhões obtida pelo Acre com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para modernizar a gestão ambiental no Estado. Na primeira fase do programa, os recursos financiaram a legalização fundiária e programas para agilizar a concessão de licenças ambientais.
“Foi quando o governo do Acre nos procurou para dizer que não poderiam viver apenas de conservação ambiental”, lembra o Eirivelthon Lima, especialista do BID responsável pelo projeto. Com menos recursos naturais do que os demais Estados da região da Amazônia, a alternativa encontrada a partir de um diagnóstico conjunto foi a de criar uma alternativa de renda para as famílias a partir do manejo de madeira de reflorestamento.
Embora seja rentável, a atividade possui retorno apenas no longo prazo, o que a torna inviável para a maioria dos produtores locais, segundo Lima. “A maioria acaba recorrendo à criação de gado, que traz receita de forma quase imediata, enquanto o investimento em floresta tem um horizonte de sete anos”, diz. A alternativa, que seria o crédito bancário, acaba esbarrando na falta de garantias.
Os recursos do fundo de private equity, cujo investidor busca resultados em prazos mais longos, devem contribuir para resolver essa equação, de acordo com o profissional do BID. A expectativa do governo do Acre é que o plantio nas áreas selecionadas tenha início já em 2014.