DIJÉ PRESENTE!

O sentimento é de tristeza, não podia ser diferente: perdemos a Dona Dijé. Mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu – foi uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, formado por mulheres extrativistas do Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí. Exemplo de luta, deixa muita saudade. Mas deixa também o exemplo e os aprendizados: por isso, junto com toda o pesar da perda, surge junto um profundo sentimento de gratidão por termos tido ao nosso lado tamanho exemplo de luta, uma luz que nos guiou e guiará ainda.

Um infarto fulminante levou Maria de Jesus Bringelo, a Dona Dijé, na última quinta-feira (13/09). Havia recém chegado de Brasília, onde tomara posse no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, e estava já no seu Quilombo de Monte Alegre, no Maranhão, território no qual viveu seus 70 anos e pelo qual lutou: “Nós queremos o território para nascer, viver, germinar e morrer”, dizia. Cabe a nós, agora, o compromisso com a luta e com o legado da vida de Dona Dijé: é hora de mostrar que essa semente germinou em nós. Dijé presente!

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Diversas organizações lamentaram o falecimento de Dona Dijé. Na foto, manifestação da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado no Instagram

 

Abaixo, a íntegra da nota do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu:

“Uma mãe palmeira se despede

A notícia que não queríamos dar. Esta noite perdemos uma grande mulher, mãe, avó e liderança que faleceu de infarto fulminante, a dona Maria de Jesus Bringelo, dona Dijé. Mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu, um referencial como ser humano, de sabedoria e para a luta dos povos e comunidades tradicionais.

Uma profunda tristeza invade os nossos corações e custamos a acreditar que não mais compartilharemos de seu sorriso, de sua adorável companhia do seu jeito firme e suave de se posicionar. Ficam a história, o aprendizado e o exemplo quem sempre lutou pelos direitos das mulheres, dos quilombolas, dos indígenas, dos pct’s e de quem sempre lutou pelo acesso livre ao território.

Como ela mesma falava “Nós queremos o território para nascer, viver, germinar e morrer”. E foi assim, no quilombo Monte Alegre que ela se despediu. Nós e as florestas de babaçuais sentimos a sua falta. Segue Mãe Palmeira teu caminho. Tua trajetória foi vitoriosa e teus ensinamentos já fizeram e reforçaram a luta pela liberdade e dignidade dos povos.

Dijé presente!

Com pesar, Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu”

E, abaixo, as Encantadeiras – Quebradeiras de coco babaçu: “Hei não derrube estas palmeiras”: